Os Serranos e a Mudança da Capital para Belo Horizonte


Área central do antigo arraial de Curral del Rey, depois BH (APCBH, 1894)
Pela localização do Serro Frio, a transferência da capital mineira para um ponto mais ao norte sempre foi um sonho que embalou toda a região. No início da década de 1820, os serranos já haviam oferecido a então Vila do Príncipe para sediar a Província de Minas, diante do cenário de crise política que vivia o país, às vésperas da independência. Mas, foi com a queda da Monarquia que o projeto de mudança da capital tomou fôlego e virou campanha dos republicanos, a favor de uma cidade que representasse os novos ventos de modernidade e transformações. Os serranos também se tornaram partidários decisivos deste importante momento, ligando de forma permanente as histórias do Serro e de Belo Horizonte.

Praça 7. no centro de BH (Rádio Itatiaia, 1950)
O serrano Padre Paraíso, quando Deputado em 1867, já se tornara pioneiro na defesa da mudança da capital, mesmo enfrentando a resistência da população ouropretana, ao conseguir aprovar na Assembléia um projeto seu, autorizando a transferência. O projeto, porém, foi depois vetado pelo governo. A mudança do nome de Curral Del Rei para Belo Horizonte, em 1890, se deu através de decreto assinado pelo então Presidente do Estado, o serrano João Pinheiro, outro forte propagandistas da mudança da capital. Durante a Constituinte Mineira de 1891, quando finalmente se daria a transferência da capital, o Deputado Sabino Barroso, Secretário da Assembléia, conseguiu aprovar um requerimento, adiando estrategicamente as discussões sobre a mudança para um momento mais oportuno, temeroso de que a proposta pudesse ser derrotada, naquele momento inicial dos debates. 

Avenida Afonso Pena, no centro de BH (Portal de Inverno, 2015)
Na Assembléia de Minas, que votou a mudança da capital, tinham lugar cinco parlamentares serranos, sendo quatro Deputados (Augusto Clementino da Silva, Sabino Barroso Jr., João Luiz de Almeida e Souza e Simão da Cunha Pereira) e um Senador (João Nepomuceno Kubitschek). Embora nem todos fossem unânimes sobre o tema, todos os serranos presentes à votação final, definiram-se pela Emenda n.º 2, favorável a Belo Horizonte, cabendo a Augusto Clementino uma ardorosa defesa e o voto de desempate a favor da atual capital, em contraposição à Várzea do Marçal, em São João Del Rei. 

A partir daí, foi fundamental o apoio das cidades mais desenvolvidas e antigas do estado, como Ouro Preto, Sabará, Barbacena, Diamantina e Serro, que "forneceram o suporte intelectual e administrativo indispensável para a formação da vida cultural da nova capital". O apoio decisivo do Governo Federal às obras de construção se deu através do Ministério da Viação e Indústria, então sob a direção do ministro Antônio Olinto dos Santos Pires, outro destacado "mudancista". Instalada a nova Comarca, Edmundo Lins foi nomeado o seu primeiro Juiz de Direito, Carlos Honório Benedito Otoni o seu primeiro Juiz Federal e Belmiro de Almeida emprestou seu talento e sua arte à decoração de vários prédios, entre os quais está o Palácio da Liberdade. Aurélio Pires foi o primeiro Diretor da Escola Normal Modelo (hoje Instituto de Educação), que também tinha no seu quadro inicial de mestres o talentoso Prof. Leopoldo Pereira. Nélson de Sena, outro serrano, se transformou em um dos principais historiadores da nova capital, tornando-se o orador oficial nas comemorações do seu cinquentenário, em 1947, e deixando publicado o "Cinquentenário de Belo Horizonte", pela Imprensa Oficial.

Todos estes serranos, entre outros aqui não citados, deram suas contribuições para a mudança e a consolidação da nova capital, ligando de forma permanente as histórias de Serro e de Belo Horizonte..

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