O CAMINHO DOS DIAMANTES NO SERRO, MG

O Caminho dos Diamantes, como é chamada a parte da Estrada Real na região, tem muitas atrações no município do Serro. São 55 km de aventuras, com vários distritos, cachoeiras, montanhas, artesanato, comidas típicas, povo receptivo e vestígios ainda originais do antigo caminho dos tropeiros e da pré-história.

No roteiro abaixo, é possível contemplar as águas do Rio Jequitinhonha e o Pico do Itambé, além de conhecer os distritos de São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e Três Barras da Estrada Real. Depois, é passar pela cidade do Serro, e prosseguir pelo distrito serrano de Mato Grosso (Deputado Augusto Clementino), em direção aos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro. Tudo percorrido na rota original do velho Caminho dos Diamantes.

Alguns trechos do caminho ainda podem ser percorridos sobre o mesmo chão de terra por onde andaram nossos antepassados, tropeiros e garimpeiros. Entre Milho Verde e Três Barras, ainda se pode apreciar uma bela "Calçada de Pedras", na parte mais íngreme da estrada, que os antigos mandaram construir. (ver foto nesta página)

Mapa do Caminho dos Diamantes no município do Serro
(www.olinto.com.br; edição: Guia do Serro) 


O ROTEIRO

 A chegada pela ponte do Rio Jequitinhonha
A partir de Diamantina, no norte, o Caminho dos Diamantes entra no Serro pela ponte do Rio Jequitinhonha, que divide os dois municípios (ver barra vermelha no mapa). Neste trecho, a estrada ainda é de terra, mas é de boa qualidade, permitindo a passagem de todo tipo de carro, embora aqueles mais baixos devam ser dirigidos com velocidade menor. Parar e apreciar o lendário Jequitinhonha, o rio de onde se extraiu mais riquezas no mundo, é a primeira aventura desta parte do caminho.

Ciclista percorrendo a estrada, com a ponte sobre o Rio Jequitinhonha ao fundo (Eu e a Magrela, site, 2013)

 Do Rio Jequitinhonha a São Gonçalo do Rio das Pedras
Indo em direção ao distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, são 6 km de estrada em leito de terra. São Gonçalo, o maior distrito do Serro, tem um ambiente tranquilo, com a rua central ainda conservando o antigo calçamento de pedras. Outras atrações interessantes são as cachoeiras, os tapetes Smyrna, a feira de sábado, o vinho artesanal, festivais de comidas típicas, projetos eco-sociais da Funivale, as igrejas, pinturas rupestres pré-históricas e o gracioso presépio de Dona Helena, armado durante todos os dias do ano.

A bela rua central de São Gonçalo, com seu antigo calçamento, também é leito original do Caminho dos Diamantes (Monique Rennè, face, 2017)

 De São Gonçalo a Milho Verde 
Continuando, 5 km à frente se chega a Milho Verde, terra de Chica da Silva e o mais conhecido dos distritos do Serro. O local oferece várias atrações, como as ruas bucólicas, igrejas, cachoeiras, artesanato e a deslumbrante vista do Pico do Itambé (ao fundo, na foto abaixo). Milho Verde fazia parte da antiga área de extração de diamantes, o Distrito Diamantino do Serro Frio, durante os séculos 18 e 19. Ainda guarda histórias e lendas que fazem parte do patrimônio e do imaginário da região.

Milho Verde é um cantinho mágico, com muitas festas e atrações que enriquecem a Estrada Real (Michel Becheleni, face, 2017) 

 De Milho Verde a Três Barras da Estrada Real
De Milho Verde ao Serro a estrada já está asfaltada. Saindo do distrito, após 1 km, à esquerda, está a entrada para o povoado de Capivari, caminho para quem quer curtir a subida ao Pico do Itambé. Mais 6 km adiante está Três Barras da Estrada Real, o mais novo distrito do município. Os rios e cachoeiras tornam o local uma atração à parte, mas entre Milho Verde e Três Barras vale a pena conhecer um dos pontos mais interessantes do Caminho dos Diamantes: a "Calçada de Pedras", um trecho ainda com o velho calçamento, por onde, durante séculos, transitaram tropeiros, escravizados e garimpeiros.

Águas do Serro: no sentido horário - Poção de Três Barras; Cachoeira do Piolho, em Milho Verde; Cachoeira do Tempo Perdido, em Capivari; Rio Jequitinhonha (Tiago Geisler, face, 2014)

A "Calçada de Pedras" é um trecho ainda com leito preservado dos tempos coloniais (Marcos Faleiros, face Serro/MG, 2017)

 De Três Barras ao Serro
De Três Barras até a cidade do Serro são mais 18 km, com boas oportunidades para fotografar o Pico do Itambé, mas também a misteriosa Serra do Condado, onde ocorreu o maior terremoto da história do Brasil, em 1872.

O Itambé é o pico mais alto da Serra do Espinhaço e sedia um Parque Estadual cheio de belezas naturais (Haras do Serro, face, 2015) 

 Chegando ao Serro
No Serro, vale conhecer o casario colonial, ruas e igrejas tricentenárias, além de saborear os deliciosos queijos e o bonito artesanato. São mais de 300 anos de história da primeira cidade brasileira a ser tombada pelo IPHAN. Antiga "capital do norte mineiro" com o nome de Vila do Príncipe, a cidade foi sede da imensa Comarca do Serro Frio e a partir dela nasceram todos os demais municípios do norte-nordeste do estado. É uma visita essencial para quem quer conhecer os caminhos de Minas, pois de lá partiam todas as estradas desta região, que equivalia à metade da então capitania de Minas Gerais.

Tanto a cidade quanto o seu delicioso "Queijo do Serro" são declarados patrimônios culturais do Brasil (Danilo Queiroz, face, 2017)

 Do Serro a Mato Grosso (Dep. Augusto Clementino)
Prosseguindo pelo Caminho dos Diamantes (ainda por asfalto, MG-10), encontra-se o distrito serrano de Mato Grosso, 15 km adiante. Este é um local privilegiado para admirar, a partir de suas diversas elevações, o roteiro inicial feito por Fernão Dias Pais e por outros bandeirantes, para vir de São Paulo ao Serro Frio, em busca do ouro e das pedras preciosas. As serras em linha foram as referências geográficas usadas pelo desbravador paulista, traçando a rota original das esmeraldas, que depois se tornou a rota do ouro e dos diamantes. Para quem tem um tempinho, sugere-se usufruir esta linda paisagem subindo a Serra da Capelinha (950 m. de altitude), em Mato Grosso, onde está uma charmosa igrejinha. De lá se pode admirar várias outras elevações, como os picos do Itambé, de Itapanhoacanga, do Itapororoco e a Serra da Ferrugem. O local tem também belas cachoeiras e o acesso por terra é de apenas 3 km até lá. Vale a pena!

Serra da Capelinha, no distrito de Mato Grosso. Vale a pena subir. (Henry Yu, face, 2014)

 De Mato Grosso, prosseguindo para Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro 
A partir de Mato Grosso, também por asfalto, inda se caminha alguns quilômetros no território do Serro (ver limite no mapa acima, na barra vermelha), até entrar nas terras do município de Alvorada de Minas (não passa pela sede) e depois prosseguir até a cidade de Conceição do Mato Dentro (a 63 km do Serro), em direção à Serra do Cipó e Belo Horizonte.

Trecho original do Caminho dos Diamantes, próximo a Itapanhoacanga (Alvorada de Minas), tendo ao fundo o Pico do Itambé. ( Instituto Estrada Real, site, 2017)


A HISTÓRIA

Até o século XVII, Minas só tinha populações indígenas. Os primeiros caminhos de Minas que trouxeram os luso-brasileiros, com o objetivo de aqui morarem, foram as trilhas destes próprios indígenas. A partir delas, foram entrando na região, ampliando estas rotas imemoriais e traçando outras. Estes novos caminhos começaram pela bandeira de Fernão Dias Pais, em 1674, e se consolidou, mais ao norte, com a bandeira de Antônio Soares Ferreira e com a africana Jacinta de Siqueira, envolvidos nas descobertas do ouro da região do Serro Frio em 1702. Daí em diante, espalhou-se uma nova civilização no interior de Minas, que foi disputando com as civilizações indígenas e implantando um outro modo de vida, a partir das riquezas do ouro e diamantes. A Estrada Real foi a primeira grande rota construída por estes novos personagens e é o fio condutor da história de Minas Gerais.

Uma tropa percorre o Caminho dos Diamantes, tendo o Pico do Itambé e outras montanhas à sua frente (Spix e Martius)





LOCALIZAÇÃO DO SERRO, EM RELAÇÃO A BELO HORIZONTE,
CAPITAL DE MINAS GERAIS