A IMPRENSA NO SERRO

Jornal "Sentinela do Serro", criado em 1830 por Teófilo Otoni (do livro "Teófilo Ottoni, Ministro do Povo", de Paulo Pinheiro Chagas)
No Brasil colônia, era proibida a publicação de jornais. A partir da chegada da família real, afrouxaram-se um pouco as correias. Depois da independência, permaneceram alguns mecanismos de censura durante o império, mas as comportas se abriram um pouco mais. Viu-se então uma boa quantidade de publicações surgir no país, fazendo do Serro a quarta vila de Minas a editar um jornal. 

Os primeiros jornais do Serro

Em 1828 apareceram os dois primeiros jornais do Serro: 

- no arraial do Itambé, o "Liberal do Serro", fundado por Geraldo Pacheco de Melo, também chamado de "Gutemberg serrano", do qual também se sabe que era ourives e casado com uma índia de nome Raimunda; 
- no arraial do Tijuco, o "Eco do Serro", fundado por Manoel Sabino de Sampaio Lopes, que chegou a receber a colaboração de Teófilo Otoni, então residindo no Rio de Janeiro.

Ambos construíram em madeira as suas gráficas, fundiram eles próprios os tipos utilizados, fizeram dos jornais veículos de propaganda Liberal e lutaram pelo fim da Monarquia. 

O "Sentinela do Serro"

É em 04/set/1830 que se ouve um dos gritos maiores lançados pela imprensa mineira, no século XIX. Surge na Vila do Príncipe o vibrante e revolucionário "Sentinela do Serro", que marcou a história da imprensa nacional. Nenhum outro jornal mineiro da época alcançou a sua notoriedade e importância política. 

Dirigido e redigido por Teófilo Otoni, ele denuncia os desmandos do Imperador D. Pedro I, advoga a República e o voto universal. Em 1831, D. Pedro I abdica, coroando de êxito a campanha do jornal. Mas como a República não é proclamada, Otoni continua a sua luta. O "Sentinela do Serro" lança um surpreendente projeto de reformas constitucionais e coordena uma campanha nacional, pelo início da republicanização da constituição, outorgada em 1824, cheia de autoritarismos, pelo Imperador deposto.

A ousadia da proposta, vinda de uma vila do interior, causa grande abalo no país. O "Sentinela do Serro" é processado pelo governo das Regências e obrigado a interromper suas publicações, em 1832, acusado de "pôr em risco a ordem monarquista". Teófilo recua, se afasta temporariamente da cena política e volta a se dedicar ao comércio, que abrira na Vila do Príncipe com o irmão Honório. Mas os fatos dão razão aos chamados "constituintes do Serro" e, logo em seguida, a maioria dos "exaltados" e "moderados"  do país assumem as teses otonianas e tentam implantá-las, numa disputa contra o modelo proposto pelos "conservadores". 

Em 1834, após várias lutas políticas e reações armadas dos "conservadores", vencem os Liberais e é reformada a Constituição Brasileira, através do Ato Adicional de 12 de agosto. Dá-se o fortalecimento do princípio federativo, a criação das Assembléias Legislativas, a supressão do Conselho de Estado, o estabelecimento da Regência Una, eleita por voto popular, embora com a diminuição da autonomia dos municípios e a manutenção da vitaliciedade do Senado. Uma boa parte das propostas pregadas no "Sentinela do Serro" são finalmente aprovadas. O interior de Minas "acaba por ditar leis ao Império".

Casa onde era editado o "Sentinela do Serro"
Casa onde era editado o "Sentinela do Serro"

Os jornais serranos

Adiante, uma lista de jornais editados no Serro, iniciada com os três citados, que marcaram a estreia do norte de Minas no jornalismo:

1828 - Eco do Serro
1828 - Liberal do Serro
1830 - Sentinela do Serro
1832 - O Tribuno do Serro
1833 - Noticiador Serrano
1842 - Boletim da Legalidade
1890 - O Serro
1890 - O Tentamem
1891 - O Mensageiro
1893 - A Sentinela
1894 - A Cidade do Serro
1894 - Correio do Serro
1894 - O Corisco
1898 - Correio do Serro
1912 - A Voz do Serro
1917 - O Ibiti-Rui
1918 - Voz do Serro
1919 - Reação
1920 - O Argonauta
1922 - O Serro
1927 - Sentinela do Serro
1930 - A Serrana
1950 - Tesouro Infantil
1960 - A Voz do Colégio
1962 - Tribuna Serrana
1981 - O Papagaio / O Grito
1982 - Grupiara
1982 - O Vigilante
1987 - A Sentinela
1997 - Serro Hoje
2002 - Livre Pensador
2010 - Ekos de Minas

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