JOÃO PINHEIRO DA SILVA


O estadista João Pinheiro da Silva, "verdadeiro vulcão de idéias inovadoras", nasceu no Serro, em 16/12/1860. Formou-se em Ciências Jurídicas em São Paulo, transferindo-se posteriormente para Ouro Preto, onde fundou o Clube Republicano, em 1888, precursor do Partido Republicano Mineiro. Foi também fundador da folha republicana "O Movimento" (depois transformado em órgão oficial do PRM) e da Faculdade Livre de Direito do Estado, em Ouro Preto.

Em 1890 exerceu interinamente o Governo de Minas, como Vice-Presidente, sendo logo depois nomeado efetivo. Foi eleito Deputado Federal à Constituinte de 1891, recolhendo-se depois ao trabalho na Cerâmica Nacional, que fundou em Caeté, decepcionado com os rumos da política. Em 1903, coordena o Congresso Agrícola, Industrial e Comercial.

Voltou novamente à vida política, sendo eleito Senador em 1905 e Presidente de Minas em 1906. Na Presidência, empreende a primeira grande reforma do ensino no estado (onde, durante dois séculos, "nunca existiu método algum de ensino primário"), lança as bases de uma sólida política de desenvolvimento e funda o IHGMG. Morreu durante o seu mandato, em 25/10/1908.
Casa onde nasceu João Pinheiro, no Serro/MG

João Pinheiro deixou um legado de idéias e obras que marcaram o nascimento do regime republicano em Minas, tornando-se um dos políticos de maior expressão do Brasil, no início do século.

Filho de um imigrante italiano e de uma caeteense, João Pinheiro teve de contar com a ajuda do irmão padre, do tio Luís Antônio Pinto e da Sociedade Beneficente Mineira da Academia de São Paulo para poder estudar e se formar em Direito. Após obter o título de Bacharel de Direito, estabeleceu-se em Ouro Preto, em 1888. Nesse mesmo ano, João Pinheiro participou da organização do Partido Republicano de Ouro Preto. Em janeiro do ano seguinte, para melhor divulgar as idéias republicanas, organizou com Antônio Olinto dos Santos o jornal "O Movimento".
Visita de João Pinheiro à Santa Casa do Serro (1906)

João Pinheiro pertencia ao grupo dos chamados "históricos", ou seja, aqueles que militaram pela causa republicana durante o Império. Foi escolhido para secretário e primeiro vice- presidente de Estado, já que o Governo Provisório nomeou o "adesista" Cesário Alvim para o cargo de presidente de Estado.
Cesário Alvim deixou o cargo três meses depois para assumir como ministro do Interior. Em fevereiro de 1890, João Pinheiro assumiu o cargo de presidente do Estado, mas em agosto pediu demissão, por não concordar com a nomeação de Benjamim Constant sem a sua consulta. Nos meses que esteve na Presidência do Estado, preocupou-se em desenvolver a agricultura e a mineração. No princípio desse mesmo ano, casou-se com Helena de Barros, sua ex-aluna na Escola Normal e filha de um rico proprietário de terras no interior paulista. Apesar das divergências, João Pinheiro participou da elaboração da nova Constituição e, no fim do seu mandato como deputado federal em 1893, retirou-se da vida pública. Sua vida passou a ser dedicada à criação e à administração de uma indústria de cerâmica de louças finas, porcelanas e material sanitário em Caeté. Retornou também as suas atividades acadêmicas como professor de Direito na Faculdade Livre de Direito em Ouro Preto.
Museu Casa João Pinheiro, em Caeté/MG
O retorno à vida política aconteceu em 1899, quando foi eleito vereador em Caeté e assumiu a Presidência da Câmara Municipal, cargo que na época correspondia ao de prefeito municipal. Em fevereiro de 1905, após indicação da comissão executiva do Partido Republicano Mineiro, João Pinheiro foi eleito senador da República. Um mês antes, havia lançado o Manifesto ao Eleitorado Mineiro, no qual expôs suas idéias políticas, discorreu sobre a economia brasileira e fez uma análise dos primeiros quinze anos do regime republicano.
Ocupou o cargo de senador por pouco tempo. Em 7 de setembro de 1906 tomou posse como presidente eleito do Estado de Minas Gerais. No seu governo, as prioridades foram a agricultura e a educação. Por meio das colônias agrícolas, procurou fixar o homem à terra. Mas suas ações, baseadas no Manifesto-Programa lançado em Caeté durante a campanha eleitoral, foram interrompidas por sua morte prematura no dia 25 de outubro de 1908, aos 48 anos de idade. Sua ida interrompe uma das mais firmes e coerentes carreiras públicas do país. Abre também uma acirrada disputa na política mineira, que iria colocar em campos opostos jovens e velhos políticos, cujo desfecho só se deu com a Revolução de 30.
Sede da Fundação João Pinheiro, do Governo de Minas 

A antiga casa onde nasceu João Pinheiro, no Serro, foi restaurada, mas manteve a fachada original, com dois pavimentos (ver foto acima). É um casarão colonial com janelas envidraçadas e amplos salões, abrigando atualmente diversas instituições públicas. Endereço : Rua Dr. Luiz Advíncula Reis 150. Alguns dizem, porém, que ele era de família humilde e teria nascido em uma casinha pequena, que ficava atrás do casarão.

Curiosidade: Contam que João Pinheiro se tornou amigo de João da Baiana, o compositor que introduziu o pandeiro no samba. Esta ainda era uma época em que os amantes do batuque e do violão viviam presos, porque a polícia os considerava "bêbados e arruaceiros". João da Baiana já tinha perdido vários pandeiros, tomados pela polícia, e falou sobre isto ao xará João Pinheiro. Este deu, então, um pandeiro de presente ao amigo, com a seguinte dedicatória escrita no couro do instrumento: "Ao meu amigo João da Baiana, com a admiração do Senador João Pinheiro". Dizem que João da Baiana o utilizou até o couro se rasgar de velho e o exibia a todos, dizendo: "este a polícia nunca me tomou".
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