OS BECOS DO SERRO (Fechados)


Nada marca mais a paisagem urbana do Serro do que a quantidade de pequenos becos e ruelas, que dão passagem para apenas um carro ou nem tanto. Uma cidade construída no século XVIII, apenas para o trânsito de pessoas e de burros de carga, realmente não exigia mais do que isto. Assim, foram proliferando estreitas e íngremes passagens, ligando as ruas principais, chamadas de beco, travessa, subida ou ladeira. Os nomes não podiam ser mais interessantes: Beco do Corte, Beco do Bota-Vira, Beco da Via Sacra, Ladeira da Matriz, Ladeira do Pelourinho, Travessa da Purificação, Beco do Velhaco, Subida do Carmo. Isto tudo, quando ainda era o povo que dava o nome às ruas, até que os Vereadores lhe tomaram esta antiga atribuição e descobriram nela uma "nova forma de fazer política".

Estes becos, além de diminuírem as distâncias, davam vida à cidade, como locais de descarga de tropas, das brincadeiras infantis e dos encontros furtivos. Eram também o terror dos mais velhos, das moças elegantes e dos desavisados, pois protagonizavam escorregões e tombos espetaculares. Até hoje, muitos preferem dar grandes voltas, para não terem que enfrentar tais perigos.

Por causa disto, na gestão do prefeito Raul Gonçalves (1947/50), vários becos "mais perigosos" foram colocados em "hasta pública", para serem fechados e vendidos aos interessados. Foi morta, então, toda uma geração de velhos becos, que levaram consigo um pouco da história da Vila do Príncipe, juntamente com antigas tradições, romances e, certamente, tombos homéricos. Seus vestígios ainda podem ser apreciados, em diversos quintais de residências particulares, alguns com o calçamento praticamente intacto. Mas, vários outros becos continuam fazendo parte da vida da cidade, resistindo e encantando as crianças e os adultos, com suas lendas e mistérios.

 
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